domingo, 6 de março de 2011

Faz um ano que sua ausência me acompanha

De repente - ou não de repente, mas tão aos pouquinhos, e tão igual todo dia com essa saudade, num piscar de olhos, num virar de página - passou-se muito tempo.
Já faz um ano. Faz um ano que ela partiu. Faz um ano que não mais acordo com ela empurrando minha porta antes de ir pra escola. Faz um ano que não mais recebo a benção duas três vezes antes de dormir, com medo de ter esquecido. Faz um ano que eu chego em casa, vindo da rua, e não a encontro em nenhum canto da casa vindo até mim com aquele riso de quem me esperava ansiosa pra contar qualquer coisa. Faz um ano que eu venho me acostumando com essa dor preenchendo meus vazios. E desde o dia que ela morreu, que levo a vida buscando um norte, tentando a sorte, me fazendo de forte...
E eu olho pra todos os cantos que sempre olhei. Faço coisas parecidas com as que sempre fiz, só pra encontrá-la. Reconto histórias só pra lembrar daquele jeito tão dela. Só pra imaginar seu riso ou seu franzir de testa quando nos alertava alguma coisa. E refaço os caminhos que eu já fiz, só pra encontra-la na estrada e oferecer carona no meu peito, que é o seu lugar.
Mas nesse momento parece que a dor vai se alargando. Preenchendo os espaços deste peito e desta vida cheia de planos mal acabados. Planos que se reconstroem com a força que ela nos ensinou a ter, e outros que já não fazem sentido tê-los.
E eu canto. E eu corro. E eu topo de frente com gente que julga o riso e a lágrima. E eu topo de frente com gente que cuida. E eu topo de frente com a vida que pede pra eu viver, apesar da dor.
E eu falo pra ela agora, porque sei que ela me escuta.
Sabe mainha, seu amor continua fazendo cócegas em mim. E acho bom sorrir pensando em ti. Mas às vezes não consigo. E fico achando que preciso desemperrar as portas pra poder te encontrar do outro lado com os braços abertos e com aquele sorriso torto que me faz tanta falta.
Fico achando que sem tua direção. Teu apoio e teu cuidado a gente não vai conseguir.
E foram tão difíceis esses dias.
Tenho olhado constantemente pro céu tentando te ver. Porque dentro de casa não te vejo mais. Só te tenho aqui, dentro de mim. Do alto tenho a impressão de que foi tudo um sonho, e de repente, meu anjo vai cair do céu pra não me deixar sozinha.
Esse ano inteiro esbarrando nesta dura realidade que me quebra a cara, parte meu coração em pedaços, e me faz querer teu colo. Sempre.
E sinto falta da sua fé de cada dia, de todo dia.
     Não quero entender porque que as pessoas que a gente ama acabam indo tão cedo. No fundo a gente não tem muito que entender, a gente tem muito o que sentir. E o que sentimos é saudade. É quando a gente procura e não acha. Quando a gente chora, e continua sem o colo. Quando a gente sente falta de quem só foi amor, noite e dia. 
A saudade que arranjou pouso neste lar, comportou-se em nossas vidas como parte dela. Faz um ano que teu lugar na mesa está vazio. Faz um ano que a nossa vida mudou. Repentinamente. Radicalmente. Faz um ano que eu tento caminhar com meus pés, e às vezes, mesmo quando eu dou pulos, continuo com a sensação que eu só me arrasto. 
E Tom Jobim cantava...são as águas de março fechando o verão. É a promessa de vida em nosso coração. E eu digo: São as águas de março que ora nos lava. São as aguas de março que nos afogam em lembranças.
 
Esteja com Deus, como sempre estivera. 
Está sendo tudo muito difícil. E talvez seja mais difícil ainda daqui pra frente.
Descanse em Paz e esteja sempre com Deus. E que Deus esteja conosco.

Saudades Eternas.

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