domingo, 1 de agosto de 2010




Talvez alguns golpes da vida tenham me feito uma pessoa mais dura. E que pela dureza já não saiba se vou, se fico. Se choro, se rio. Talvez por isso, eu tenha me tornado resistente à rispidez e menos reagente a indiferença. Talvez por tantas dores sobrepostas, eu tenha me permitido provar de todos os dissabores sem estranhar o amargor. E talvez com tanta confusão nessa cabeça, e nesse coração, eu tenha preferido não levar e não escolher nada, mas deixar apenas que os ventos tragam e levem, ao ritmo dele, para que depois eu não carregue sobre minhas costas o peso das minhas escolhas sem sentido. Talvez, e muito certamente (ou erradamente) pelo medo, eu tenha perdido um pouco daquela ternura que eu tinha. E talvez, por tudo isso, eu não consiga cultivar as mesmas flores, nesse jardim. Porque tenho receio de sentir o cheiro, de gostar, de me acostumar e de um dia, sem que eu possa fazer nada, ter que ver um buraco no chão, e sentir um buraco em meu peito. E talvez,  mesmo com essa dureza, quando uma ou outra lágrima contida não se permitir regar, eu ainda ache sentido no cheiro de flor que paira no ar. Cheiro de mãe que não me deixa parar.

Um comentário:

Mima disse...

Iavnúncia querida, estava em dívida com você!

Mas para minha sorte resolvi ver teu perfil e caí nesse blog lindo todo dots!

E que texto. Agora fiquei sem graça de receber suas visitas lá no Mima.

Te seguindo, te linkando.

Beijo, beijo flor!