domingo, 12 de setembro de 2010

À minha mãe, apesar da dor.



A dor de me acostumar sem ti me acompanha até hoje. Até sempre. Porque parece que a melhor parte de mim se foi quando a senhora partiu. E aquele cadinho de pureza, de doçura, de encanto...também se esvai a cada dia. Não que eu queira ser assim. Mas é que nesse momento me falta a presença mais pura pra me dizer que não devo parar. Que não devo mudar. Que não devo desistir. Sabe mãe, as coisas aqui estão difíceis. E fica sempre muito difícil ter que encarar o sol bater em minha porta e não te ver sorrindo e me dando bom dia. E me dói imaginar que não vou sentir seu cheiro naquele abraço apertado, e que não te tenho mais aqui pra contar sobre meu dia. E me machuca a certeza de que agora eu preciso caminhar sem sua guia. E me dói querer correr ao teu encontro e não te achar em nenhum canto da casa. E me dói caminhar dias a fio como  filha pequena que chora por colo. E me dói a frase feita de que vai passar. Não quero que passe quero que a senhora fique. Dentro de mim. E me dói tudo isso. Os dias me doem. E apesar de me doer, a tua lembrança não é peso, nem descontentamento. É a imagem de luz, de persistência, e de amor à vida, principalmente. E lembro de todas as suas inquietações com minhas lamentações sobre a vida. Lembro de seu amor a Deus, e da sua preocupação em falar-me Dele. E hoje, a certeza de que estas ao lado Dele me acalma, apesar da dor. E quando meus dias parecem nevoar-se...é essa lembrança "viva" que me faz amar até mesmo os dias mais cinzentos. É essa lembrança que me faz correr e pegar pedrinhas pra espallhar pelo chão até que  venha um lindo arco-íris colorir minha vida.  É a tua lembrança que não me permite desistir. Que me impulsiona a querer estar viva, apesar da dor.

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