terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Amo...
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Ivanúcia Lopes,
Relacionamentos
Ter ou não ter namorado, eis a questão
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.
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Carlos Drumond de Andrade,
Relacionamentos
RECOMEÇAR
Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou...o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…
Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.”
Carlos Drummond de Andrade.
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Carlos Drumond de Andrade
sábado, 19 de dezembro de 2009
Sim. Parece tudo simples.
Sentia sempre uma angústia quando ainda criança me diziam coisas grandes demais.
Falavam de um mundo que estava em minhas mãos...O mundo parece grande.
Falavam da vida de gente grande. E isso não parecia simples.
Depois de grande, o mundo não parece menor e ainda continua pesado pra mim.
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Ivanúcia Lopes
O grito silencioso
Quando o silêncio chegou, o mundo gritou.
Foi aquele grito que em vez de surgir do nada, nasceu de tudo:
Da dor sentida e escondida.
Da lágrima quente no rosto risonho.
Da voz que pensa irracionalmente.
Dos braços que desabraçam
Dos sonhos que se iludem
Do arrependimento de ter se arrependido.
Da saudade guardada e escancarada.
Do pedido desfeito, refeito, imperfeito.
Do medo de desabar e de voar.
Da possibilidade de ser feliz mesmo sem saber o que é a felicidade.
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Ivanúcia Lopes,
Medo,
Saudade
domingo, 13 de dezembro de 2009
O ano está terminando...
E mais um ano já está se passando...
Palavras afins
Ivanúcia Lopes
Pra ver a banda passar...
Lembro-me que outro dia, caminhando pelas ruas apressadamente, fui atraída por uma melodia agradável que parecia vir de uma casa ao lado. Por um momento, senti como se o calendário marcasse o mês de junho, com aquele clima harmonioso embalado pelo saxofone que soprava melodicamente cada verso daquele hino. Na verdade, um fenômeno acústico que me atraiu até a calçada e me fez parar por alguns segundos. Mas foi só. Naquele momento eu não tinha o tempo suficiente para ficar inerte simplesmente para ouvir um saxofone ensaiar algo que todos os anos os devotos cantavam e eu já sabia de cor.
E aí no decorrer do dia guardei comigo a sensação de poder ouvir uma banda de música e me deixar levar até a calçada da igreja e acompanhar o hino de Santo Antônio, tocado com tanta fé e devoção. Afinal de contas, houve um tempo em que eu corria para ouvir, batia o pé e balançava com a cabeça a cada música que a banda tocava. E na frente da igreja eu via a banda tocar e corria todas às vezes para ver a banda passar.
Desde 1958, a cidade de Marcelino Vieira – RN acostumou-se com a banda de música. Na verdade, mais parece um caso de amor ritmado pela religiosidade e intensificado pelo gosto de ver a banda passar, a cada festa de Santo Antonio.
Saxofone, clarinete, contrabaixo, trompete... instrumentos bem conduzidos que levam às ruas, além da música, uma legião de pessoas que vão da prefeitura até a igreja Matriz na cadência desta tradição. E como se fosse um ritual, logo após as novenas lá se vão os fiéis de Santo Antonio seguir com lealdade e orgulho, aquela banda de música que marcha até o coração da cidade, onde as crianças correm para brincar nos parques, comprar algodão-doce ou mesmo comer cachorro-quente.
Na festa de junho, acompanhar a banda é praticamente uma promessa, e paga de muito bom grado, seja após a novena, seja às cinco da matina, ou no pingo do meio-dia. E aí, tem pessoas que correm para a calçada e acenam com a mão, outras que abrem a porta de casa com cara de sono, mas acompanham mesmo assim, e tantas outras, que mesmo enfadadas pelo forró da noite, saem de madrugada arrastando a sandália sem perder o compasso...
Ao som da banda, o encontro marchante de filhos, presentes e ausentes que se reencontram, se abraçam, e se encantam.
E hoje, ao ouvir a banda, há quem recorde de filhos ilustres que em tempos de outrora souberam levar a música com sentimento e maestria. E seja nas recordações saudosas de quem ouviu o amigo Beu, ou na memória recente de quem viu o amigo Zé de Crispim carregar a tuba, para embalar aquela sinfonia, a banda de música faz parte de nossa história...
E quando há 51 anos nascia a primeira banda de música, lançava-se também o irresistível convite de ver a banda passar.
Nas alvoradas e nas salvas, gente que vive a lembrança de outrora, mas se encanta com os brios da nova geração, gente que canta com fé o ontem e o hoje, e gente que marcha orgulhosamente sobre este chão vieirense.
No mês de junho, quando o vento sopra as bandeirolas e os parques, mesmo que timidamente, chegam à nossa cidade, lá vem a banda de música enfeitar a nossa festa e lá vamos nós, acompanhando a tradição.
E não importa denominação. Se temos a banda de música já temos o encantamento desta Festa.
E se em qualquer dia desses, um saxofone soar em nossos ouvidos, é quase certo o anseio de ver a banda passar, e mesmo que a correria nos empurre, haverá o desejo de sair marchando e acompanhando a banda de música.
(Por Ivanúcia Lopes - Jornalista)
Lembrei que ainda não tinha postado este texto... (Publicado no jornal PAróquia em Missão- Marcelino Vieira - Junho/2009)
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Ivanúcia Lopes
O INACABADO QUE HÁ EM MIM.
Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.
Padre Fabio de Melo
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.
Padre Fabio de Melo
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Pe. Fábio de Melo
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
lembrança
Não se vá por aí sem lembrar de mim.
Não se vá por aí sem me levar, ao menos na lembrança.
E se esqueceres de me lembrar...que se vá.
Mas que me guarde num saquinho de lembranças.
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Ivanúcia Lopes,
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