sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Minhas palavras


Não me faças desistir dessas palavras, nem me forces a desdizê-las.

Negá-las seria trair-me, possuí-las seria prendê-las.

Eu as tenho livres, leves, loucas. Muitas ou poucas.

Tenho palavras ruidosas, rudes e melosas.

Palavras emudecidas e gritantes.

Palavras próximas, confusas e distantes.

Palavras doces, transparentes e roucas.

Palavras, fortes, frágeis e passageiras.

Palavras firmes, doídas, mas verdadeiras.

Tenho palavras enormes, monossílabas, e compostas.

Tenho palavras sinônimas e opostas.

Tenho palavras vencidas, dormentes, sufocadas.

Palavras ao vento, ao nada e ao relento.

Palavras comuns, no papel e pensamento.

Palavras estilizadas, caprichosas ou enfeitadas.

Palavras tranquilas, permitidas ou enjuadas.

Palavras nervosas, tristonhas ou extasiadas.

Palavras em cantos, em prosa ou em versos.

Palavras sentidas, consentidas, permitidas.

Palavras roubadas, enfraquecidas, desprezadas.

Palavras que sobram, que faltam ou completam.

Palavras esquecidas, divididas, recordadas.

Tenho palavras famintas, doloridas e abusadas.

Tenho palavras em excesso, repetidas ou remendadas.

Palavras aos gritos, murmuradas ou escritas.

Tenho palavras. Simplesmente palavras.

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